O nome de Aveiro desde a sua matriz inicial funde-se e confunde-se com o espelho de água sobre o qual se localiza. De facto, o topónimo terá uma provável origem pré-romana, já que em gaélico aber significa estuário, curso de água. Este topónimo poderia depois ter sido latinizado como aberiu. A primeira referência escrita relativa às terras de Aveiro remonta ao séc. X, encontrando-se no documento de doação testamentária efectuada pela condessa Mumadona Dias, ao mosteiro de Guimarães em 26 de Janeiro de 959 ("Suis terras in Alauario et Salinas"). No entanto, a ocupação humana é muito anterior a esta referência. Muitos autores têm pretendido recuar esta ocupação à vinda e ocupação de Transcodanos, Fenícios ou Gregos. A falta de vestígios no terreno não têm permitido, contudo, comprovar essa existência pelo que temos de recorrer aos dados da arqueologia para fazer uma “história do Homem em Aveiro”.
O testemunho arqueológico mais antigo até agora conhecido, inscreve-se no grupo das estações ao Ar-Livre paleolíticas. Localizado em campos agrícolas, em Vale de Videiras (Eirol), comprova-nos uma actividade humana de fabrico de utensilagem lítica (lascas e ferramentas em pedra), que nos conduz a um passado balizado entre 26000 a 20000 anos a.C..
No sítio da Mamoa, lugar de Mamodeiro, existem vestígios do que terá sido um monumento megalítico de uma mamoa de grande diâmetro (30 m), circular e ligeiramente alongada, sem couraça pétrea. Será um testemunho da ocupação e estabelecimento de um assentamento humano desde o período Neolítico/Calcolítico.
Um dos sítios arqueológicos mais relevante deste território é conhecido como Agra do Crasto, localizado em grande parte em terrenos do Campus Universitário de Santiago (Universidade de Aveiro, Verdemilho). Trata-se de um povoado da Pré-história Recente, englobado no Período Calcolítico (meados do 3º milénio a.C.) e na Idade do Bronze (2º milénio a.C.)
Para além dos vestígios de cultura material (cerâmicas, líticos…), foram identificadas pavimentos, áreas de combustão ou vestígios de barro de cabana, comprovando estes a existência de habitações neste local.
Para os períodos Romano conhece-se ocupação nos lugares da Torre e da Marinha Velha, em Cacia. As estruturas e os materiais encontrados permitem definir uma diacronia de ocupação do séc. IV d.C. à primeira metade do séc. VI d.C.
Este sítio arqueológico poderá corresponder a uma villa portuária, ou mesmo a um vicus, com indubitáveis relações com a linha de costa de então e as relações fluviais e marítimas que se estabeleceriam neste período, junto do importante eixo fluvial constituído pelo Vouga, que por aqui teria a sua foz.
Este local tem ainda a particularidade de se apresentar como uma área industrial onde terá existido um importante centro de produção vidreiro que terá produzido vidro de qualidade para o mundo romano.
Para o período tardo-romano/visigótico, dentro do séc. VI-VII, conhecem-se fornos de produção cerâmica localizados na povoação de Eixo, que aproveitavam os recursos naturais formados pelas argilas, como fonte de matéria-prima.
Do período de dominação islâmica, até à data, nada se encontrou, não obstante existir a referência a duas inscrições árabes na antiga Igreja Matriz de S. Miguel de Aveiro, demolida em Novembro de 1835.
Como já referido, é no ano de 959 que surge a primeira referência escrita às terras de Aveiro. Apenas se volta a ter referência cerca de um século mais tarde, em 1050, onde as terras de alaueiro surgem incluídas no inventário das propriedades de D. Gonçalo Viegas e de sua mulher, D. Chamoa Hourigues.
Alcançado o estatuto de vila no século XIII, sob o reinado de D. Sancho I, a povoação crescerá em torno da exploração do sal, da captura e transformação do pescado, da produção cerâmica, bem como da agricultura nas áreas envolventes ao aglomerado urbano.
Pelos inícios do séc. XV, pela mão de D. João I, é começada a edificação do muro da cidade, nome com que a muralha é referida em alguns documentos antigos. É por essa época que o seu filho, o Infante D. Pedro, toma em mãos o reedificar de Aveiro. Além de se empenhar na construção da muralha, solicita ao Papa, em 1423, autorização para fundar o Convento Dominicano de Nª Srª da Misericórdia, e obtém também autorização de D. Duarte, em 1434, para a realização de uma feira franca anual, chegando esta até à actualidade com o nome de “Feira de Março”.
Em 1458, D. Brites Leitoa funda o convento de Jesus de Aveiro, que obteve licença do Papa Pio II em 1461. No ano seguinte, o rei D. Afonso V presidiu ao lançamento da primeira pedra da construção do mosteiro, que mais tarde viria a acolher a sua filha Joana.
Na época da expansão marítima portuguesa, a produção de cerâmica toma uma importância significativa, destacando-se na vila de então o bairro dos Oleiros. Pelos séculos XVI e XVII produzem peças cerâmicas para utilização local mas também para exportação, onde se destaca a designada cerâmica do açúcar, pois eram peças utilizadas no ciclo da produção do açúcar. De Aveiro foram levadas para as terras recém descobertas, como a Madeira, Açores, Cabo-verde ou Brasil.
A vitalidade de Aveiro neste período, onde chegou a contar com cerca de 14000 habitantes, foi definhando nos séculos seguintes, muito associado à mobilidade da barra cada vez mais para sul e à dificuldade da entrada e saída de navios. Assim, no século XVIII, a população pouco subia dos 3000 habitantes. Em 1808, abre-se artificialmente uma barra no local onde ainda hoje se encontra, fomentando o comércio e o consequente aumento populacional.
Em 1759, D. José I elevou Aveiro a cidade. Na sequência do processo do atentado ao rei, em que o Duque de Aveiro foi implicado e condenado ao cadafalso, algumas pessoas notáveis da cidade, solicitam que à nova cidade seja dado o nome de Nova Bragança em vez de Aveiro nome que teve durante algum tempo.
Em 1864 é inaugurado o caminho-de-ferro que trouxe à cidade um novo desenvolvimento urbano, criando a centralidade formada pela Avenida.
Em tempos mais recentes destaca-se, pela sua importância, a fundação da Universidade de Aveiro, em 1973 que trouxe outra cidade à cidade, o seu campus universitário e os actuais cerca de 15000 alunos.
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